A natureza dotou alguns animais com a capacidade de brincar. Um filhote de tigre aprende sobre caça e fuga, brincando com seus irmãos. Um filhote humano aprende sobre si mesmo, quando começa a brincar. Na brincadeira, ele começa a descobrir seu EU, e seguirá aprendendo sobre si, sobre os outros e sobre o mundo.
Brincando a criança elabora a lógica da vida, as leis da física que regem o universo, decifra linguagens, desenvolve seu senso estético, constrói sua ética. Brincar acontece no corpo, no tempo presente, onde a ação é simultânea ao imaginar e sentir. Brincar é alicerce de uma sociedade sadia.
Talvez a seriedade com que cuidamos do brincar seja a bandeira mais revolucionária da Escola Nosso Mundo. O brincar é uma das premissas da nossa Pedagogia: existimos a partir do propósito de sermos cuidadores do brincar, guardadores de infâncias, protetores do SER criança.
Nosso olhar pedagógico parte do brincar para encontrar os caminhos que iremos seguir pela educação. É fato que uma criança que tem a liberdade de brincar é mais equilibrada em sua natureza pulsante. É fato que quando se soma ao brincar a natureza, ou seja, se devolve para ela o seu direito de estar em seu habitat natural, a criança será saudável (aqui em Nosso Mundo usamos o conceito integral de saúde, e não só saúde como ausência de doença), pois seus sistemas sensórios, motor, neural, estarão em pleno desenvolvimento. É fato que uma criança arrancada do seu brincar lidará com consequências futuras em seu organismo. Então, para a educação da Escola Nosso Mundo o brincar é biológico, pedagógico, ontológico.
A natureza fez da nossa espécie a que tem maior período de maturação, somos complexos, em sistema e espírito. Por termos essa natureza, meio animal, meio sagrada, recebemos de presente a capacidade única de transcender, de sonhar com outros mundos, com a próxima vida, com outras entidades. E é nesse ponto, onde essa capacidade de transcender com a ação do brincar se entrelaçam, que o humano se sacraliza. Que educação seria a nossa se não almejássemos o sagrado?