Na Escola Nosso Mundo, acreditamos que toda aprendizagem verdadeira nasce de um movimento interno: o querer aprender. Esse querer não pode ser produzido por imposição externa, como se a criança fosse um recipiente a ser preenchido. Ele brota de dentro, quando algo desperta curiosidade, provoca encantamento ou desafia a compreensão. É nesse ponto que surge a pergunta — não como simples busca por informação, mas como motor do pensamento, impulso de investigação e convite para o diálogo.

Trabalhamos com o que chamamos de pedagogia da pergunta. Em vez de organizar o ensino em uma sequência fixa de conteúdos, organizamos o cotidiano escolar como um campo fértil para o surgimento de questões. Para nós, cada pergunta é uma semente. Uma criança que se pergunta por que o céu muda de cor ao entardecer está, ao mesmo tempo, elaborando hipóteses, observando o ambiente, conectando percepções e abrindo caminho para conceitos de ciência, tempo e natureza. Uma turma que se pergunta como poderia criar um abrigo no quintal mobiliza saberes de física, geometria, cooperação, planejamento e ética da convivência.

Nesse percurso, o papel do educador é ser parceiro de investigação. Ele escuta as perguntas das crianças, ajuda a formulá-las melhor, provoca novas questões e cria oportunidades para que busquem respostas por múltiplos caminhos. Ao invés de encerrar o assunto com uma resposta pronta, o educador sustenta a curiosidade, organizando materiais, ambientes e situações que ampliam a exploração. Assim, a criança experimenta, observa, pesquisa, lê, conversa, compara, registra e interpreta. Cada etapa do caminho é tão importante quanto a resposta que se encontra.

Essa forma de aprender transforma a relação com o conhecimento. O que se descobre não está desconectado da vida, mas enraizado em experiências reais e nas inquietações do presente. Ao cultivar perguntas, cultivamos também habilidades cognitivas, emocionais e sociais: a criança que indaga, experimenta e reformula está desenvolvendo pensamento crítico, imaginação criativa, persistência diante de desafios e empatia ao compartilhar ideias com o grupo.

O querer aprender das nossas crianças é, portanto, o coração da pedagogia que praticamos. Querem aprender sobre o que lhes toca, sobre o que as envolve e sobre aquilo que pulsa em sua realidade. Querem entender a natureza, desvendar como funcionam as coisas, criar mundos de faz de conta, interpretar sinais e símbolos, reinventar soluções para os problemas que encontram. Querem aprender porque aprender é viver — e viver é perguntar.

Em Nosso Mundo, respeitamos e honramos esse movimento. Ao invés de oferecer respostas apressadas ou currículos engessados, oferecemos um território vivo de encontro entre saberes e seres, onde cada pergunta é bem-vinda e cada descoberta é celebrada. Nossas crianças crescem assim: não apenas acumulando informações, mas aprendendo a perguntar, investigar, dialogar e criar.

É nesse caminho que se tornam autoras do próprio aprender e protagonistas de sua história. Pois o que as crianças querem aprender é, em essência, o que as move a existir plenamente: o mundo, os outros e a si mesmas.

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