Material pedagógico é todo recurso utilizado com a intencionalidade do educador.

Por exemplo, a caixa, o pneu, a corda e o pedaço de madeira são excelentes materiais porque com eles as crianças podem criar e brincar. Surgirá uma ponte, um avião, um barco, um balanço. A corda pode ser amarrada na caixa e, então, uma criança puxa a outra; a madeira pode ser o chão de uma ponte cuja base são pneus; a corda pode ser amarrada num galho de árvore e suspender um balanço de pneu.

Tecidos são ótimos materiais pedagógicos porque servem ao piquenique da tarde, ao revestimento da cabana, às acrobacias, ao canto da leitura.

Bambus também são materiais pedagógicos quando estruturados para escaladas, suportes de lonas, varas de pescar.

Canos e conduítes permitem à criança brincar de engenharia, conduzir caminhos de água. Com enxadas e pás singram o chão, perfuram, fazem lagoas, rios, cachoeiras, lamaçais. Colocam seus barquinhos, recalculam rotas, percebem sentidos, adentram elas mesmas nos seus brinquedos.

A faca lhe serve para cortar a própria fruta, trará o senso de atenção, cuidado, de refino com o gesto manual, de aproximação do olho à mão.

O martelo e o serrote lhe permitem manufaturar, criar móveis, brinquedos. Descobrirá e modulará sua força, perceberá que o mundo não é desproporcional, e aplicará a carga de energia precisa para pregar um prego, para serrar uma madeira, e logo virão os números, as medidas, as extensões…

O fogo é outro material pedagógico que possibilita ritualizar a vida, convidando quem passa a parar por um instante, sentar, admirar, dividir e partilhar o alimento.

A trena para saber a altura, a chave philips para conhecer como é a estrutura interna de um eletrodoméstico, a lente para dar zoom à anatomia de formigas e lagartixas, o espelho para perceber o meu rosto e as minhas caretas, a almofada para relaxar e crescer à sombra.

A infindável lista de materiais pedagógicos sugere a diversidade e a complexidade da vida. Por trás destes materiais, a intencionalidade é essa: a criança sentir prazer em colocar-se em risco, em desafio, em vontade de aprender.

A vitalidade que pulsa nos materiais, pulsa na criança também.