Quero contar uma história para vocês, que está só começando. Ela fala sobre sonhos, amor, coragem e união.
Há um tempo, após uma aula de duas horas comigo – aula que falamos sobre coisas do universo e do EU – estávamos eu, Kelim e Michel lanchando com as turmas Descobrindo e Nosso Mundo, naqueles momentos em que só quem entende o tempo como aliado pode admirar a riqueza da cena acontecendo dentro de uma Escola.
Eu não lembro como chegamos nisso, mas lembro que foi uma criança da Turma Nosso Mundo – elas sabem que o tempo delas aqui na nossa Escola está acabando, com a conclusão dos Anos Iniciais, e volta e meia vem à tona os sentimentos delas sobre isso. A pergunta veio: “Ju, você já pensou como seria o nome da próxima turma?”.
Prontamente respondi: “Nosso Mundo Jovem”, falei que até já existia a versão das carinhas da nossa logo mais velhas. Como eu vivo dizendo pros apressados que eles ainda são crianças e não pré-adolescentes, escutar a palavra “jovem” já trouxe o questionamento: “Então, não vamos mais ser crianças?”. “Bem lembrado, Nosso Mundo Jovem é meu projeto para quando vocês forem adolescentes, no Fund II vocês serão pré! Já sei, fazemos o 1ª Ciclo do Fund II, a turma Pensando (6º e 7º anos), e o 2º Ciclo, a turma Construindo (8º e 9º), e o Médio, a turma Nosso Mundo Jovem”.
Começamos a falar sobre quem seriam os professores deles e as evoluções do Vivendo a Pólis. E lá estava eu e meus companheiros de sonhos, as crianças do Nosso Mundo e os educadores, rindo e criando um futuro, quem sabe próximo. Houve um alívio delas, seguiremos!
Corta a cena, agora é uma conversa na minha sala, também com as quinze crianças. Conto para elas que fui ver uma casa, perto da nossa, onde elas iriam estudar numa sala com sacada e vista pro mar. Descrevo a casa, mostro as fotos, explico o caminho que teria que acontecer para realmente a gente se mudar. Eles começam a chamar de Nosso Mundo 2 (talvez vocês tenham ouvido falar nele). Empolgadas, saem da minha sala falando sobre o nosso futuro, enquanto eu agradeço por ter o privilégio de ter a força delas ao meu lado.
Corta a cena novamente, chegamos nessa terça-feira, dia 12/09. Estou com a Descobrindo, na minha aula. Uma das crianças lembra da casa e me pergunta sobre. Comunico-os que o dono da casa não aceitou os meus termos de contrato e ficaria muito caro fazer essa mudança. O Dani prontamente levanta a mão e me comunica: “Eu tenho muito dinheiro guardado, Ju. Eu vendo chupe-chupe por R$ 5,00. Eu posso ajudar”. Anne sugere: “E se a gente fizer uma vaquinha?”. Vicente: “Podemos fazer que nem a Feira, mas dessa vez abrir para as pessoas de fora para vir mais gente”. E, uma a uma, elas foram dando ideias de como poderiam me ajudar a angariar dinheiro, animadas, certas de que iremos conseguir.
Meu ponto é, ao contar essas cenas para vocês: somos responsáveis por criar nosso futuro, somos responsáveis por almejar alcançar os sonhos, concretizá-los. As crianças entenderem isso, desde agora, é talvez um dos melhores trabalhos de formação que poderíamos fazer. Como é lindo compartilhar algo do meu coração com elas e elas acreditarem que eu vou conseguir, que vamos conseguir! Nessas três cenas, vocês estão presenciando a ação de uma força que cria, de uma inteligência criativa que move o mundo, de um amor que constrói. Que potente! Que profunda é a relação dessas crianças com a gente, com o Nosso Mundo, eu não poderia me sentir mais realizada.
E é isso, a educação do Nosso Mundo é feita com esse tipo de sonho, com esse tanto de amor e essas doses cavalares de criatividade e coragem. Obrigada por elas estarem aqui, queridas famílias. Seguimos!
Juliana Bel – Diretora e idealizadora do Nosso Mundo