Na Escola Nosso Mundo compreendemos que nosso papel, na passagem das crianças da Educação Infantil para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, é assegurar o bem-estar e a continuidade das relações amorosas construídas.

O tempo para a transição é necessário para o agir espontâneo da criança. Cuidemos para não a controlarmos com regras, currículos e atividades em demasia. Cuidemos para não deixarmos de olhá-las como crianças que são, que precisam ser honradas pela sua crença e curiosidade infinita pelo mundo.

Se os primeiros sete anos foram de amor, zelo, criação, expressão e imaginação, por que é que em certa medida deveríamos abandonar essa gramática do cuidar e educar?

Rupturas acontecerão, é verdade. Por exemplo, o corpo vai crescer rapidamente, quase dobrando o seu peso, os dentes vão cair, trazendo o marco dessa virada, o pensamento ganha mais contorno, as perguntas ganham novos significados. A criança precisará ampliar o repertório de experiências psicomotoras, pois sua estrutura morfológica de corpo está em transformação. Melhor dizendo, as características do segundo setênio pedem ações direcionadas a potencializá-las, o que permanece igual ao que fazíamos no primeiro é a intenção de respeitar os momentos da vida e seus ritmos biológicos.

A transição é uma travessia onde o que se oferece (o conteúdo) à criança precisa encontrar sentido com o que ela intui da vida. A transição é um momento crítico que se mal gerido pode trazer instantaneamente, ou no futuro, reações psicopatológicas, como resistência em aprender, receio de processos escolarizados, quadros de ansiedade. Não se deve antecipar uma realidade escolar, nem depositar sem mais nem menos conteúdos que servem apenas para criar aflição e bloqueios. A função da escola é se posicionar enquanto uma interlocutora confiante para cada criança.

A transição é uma chance de levá-las a se encantarem com esse novo caminho, a se sentirem acolhidas, a perceber que ainda podem brincar e aprender de forma prazerosa.