Como é nosso processo de adaptação?

Na Escola Nosso Mundo, compreendemos a adaptação como um movimento da vida: a travessia do conhecido para o desconhecido, que envolve corpo, emoções e imaginação. Para a criança pequena, é um ato de grande coragem: deixar a segurança da família para criar vínculos com novos adultos, explorar um espaço inédito e abrir-se a um grupo diferente. É uma travessia que não se faz sozinha, mas em parceria entre criança, família e escola, sustentada por abertura, amorosidade, paciência e confiança.

Esse processo é expressão viva dos valores que fundamentam nossa comunidade educativa: respeito pelo tempo e pela singularidade de cada criança, comprometimento em estar presente com corpo e afeto, alegria que colore os encontros e convida ao brincar, e coragem para atravessar o novo e o incerto.

O primeiro passo é a entrevista de acolhimento, momento em que a família compartilha conosco a história, os hábitos e as particularidades da criança. Essa escuta inicial vai além de dados objetivos: permite conhecer o universo afetivo e cultural que sustenta sua vida. Buscamos compreender como se comunica, o que a conforta em momentos de insegurança, suas preferências de brincadeira, experiências anteriores de separação, além de informações sobre saúde, alimentação e sono. Mais do que preencher um formulário, esse encontro inaugura a parceria entre família e escola e orienta as primeiras ações do educador no período de adaptação.

Não estabelecemos um prazo fixo, pois cada criança é autora do seu próprio caminho. Em geral, a primeira etapa acontece em até um mês, quando ela começa a se interessar pelos espaços e se sentir segura para dar o “tchau” — ainda que com lágrimas. O choro, em Nosso Mundo, é reconhecido como expressão legítima das emoções e parte do processo de elaboração da separação.

O educador, elo entre escola e família, é a referência segura da criança. Cabe a ele acolher, convidar para o brincar, apresentar os espaços, favorecer interações e garantir que cada passo seja dado no tempo de cada um. À família, cabe fortalecer o vínculo transmitindo confiança e segurança, pois a criança sente e reage às emoções dos adultos que a acompanham. Sempre que possível, convidamos a criança a conhecer a escola antes do início e incentivamos que se fale dela de forma positiva.

Quando a adaptação acontece de forma gradual e respeitosa, florescem na criança a segurança para explorar, a curiosidade para descobrir e a disponibilidade para aprender. Ela passa a se movimentar pela escola com autonomia, reconhece nos educadores figuras de referência e cria vínculos de amizade com outras crianças. O ambiente deixa de ser apenas espaço físico e se transforma em território de pertencimento, onde se sente vista, acolhida e parte de uma comunidade. Esse resultado não é apenas emocional: a confiança conquistada nessa etapa sustenta aprendizagens futuras, favorece a participação nas propostas pedagógicas e fortalece a autoestima. Assim, uma adaptação bem conduzida planta as sementes de um percurso escolar rico, ético e alegre.

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