De repente os dentes começam cair anunciando que a criança está entrando na sua segunda infância, fase onde muitas coisas irão se tornar permanentes, assim como os seus novos dentes. As perguntas mudam, se tornam mais estruturadas, é a criança buscando por saberes também permanentes. Ela precisa construir um sentido ético para si, ordenar o mundo, para se expressar, agir.
É uma fase em que a criança é altamente sugestionável, ela confia em nossa resposta e autoridade, ou seja, ela seguirá o que sugerimos e assimilará nossa conduta. É fundamental dar uma estrutura forte de mundo para que a criança possa ser livre para viver essa etapa da infância.
Escuto de diversos adultos, que eles precisam de tempo para dar conta da vida e a tela se tornou uma necessidade. Vejo que nessa resposta diversas camadas, muitas delas problemáticas, estão incutidas: a falta de autoridade, a falta de compreensão do que é infância, a falta de comprometimento com seu papel de pai/mãe, a falta de entendimento e abnegação com os deveres da vida adulta, a própria falta de autocontrole (quanto tempo você passa na tela fazendo nada?), a falta de conhecimento, de organização, planejamento.
As horas de calmaria, da criança absorta na tela, trará agitação e irritabilidade. A sensação de conquista e poder no virtual, pode trazer uma percepção irreal de vida, que refletirá na insegurança, no consumismo, em problemas em lidar com frustrações e perdas. O excesso de estímulo, trará a incapacidade de viver o silêncio, o tédio (espaços de criação do ser humano), e pode trazer na sua consequência máxima o vício.
A vida concebe e precisa da disciplina, da autoridade, da rotina, dos desafios, da consequência, da frustração, do não. Nessa perda de bases para educar a criança, perdemos valores, perdemos virtudes e elas perderam infância, espaço e tempo para ser criança, e assim o mundo perde como um todo.
Há que se achar o caminho mais saudável para esse uso, há que se enxergar as tênues linhas que circundam a educação de uma criança e há de se entender que as mãos que costuram essas linhas são responsáveis por uma vida, e é essa é a maior responsabilidade que você pode ter na vida.
Seguimos!
Ju Bel